- Parte IX -
O que Pitágoras fez foi racionalizar poemas épicos musicados (que segundo a tradição foram revelados a Orfeu). A tradição esotérica órfica colocava a vida humana como uma tragédia, não no sentido de desastre ou fatalidade, mas no sentido filosófico de livre-arbítrio.
Tragédia vem do grego: Tragos + Otos (literalmente: caminho do bode).
Falamos aqui do bode montanhês, que deve “calcular” muito bem seus passos para não cair no precipício.
A vida humana possui dificuldades, tentações e dores; mas devemos insistir na purificação e na busca da Luz. Como o bode, que apesar do precipício, insiste em seu caminhar.
É devido a esta tradição que existem as viagens iniciáticas do neófito e a meditação na Câmara das Reflexões. O caminhar do “bode” deve ser em esquadria para não errar os passos.
Os termos “bode novo”, “bode velho”, “montar o bode” têm aí sua origem histórica.
E a questão não tem nada a ver se o bode é preto, branco, cinza…
Por mais que se estudem os fundamentos da crendice, não é possível precisar a origem precisa. Como mais plausível a hipótese do Baphomet, a suposta figura de adoração dos templários. Entretanto, até sobre essa hipótese paira a dúvida sobre sua veracidade, uma vez que a verdade parece apontar para uma história forjada à base de dor e sofrimento, nas torturas odiosas da inquisição.
O bode nem sempre apresenta a visão negativa explanada em diversas hipóteses desse trabalho. Perguntemos ao sertanejo nordestino sobre o bode. Perguntássemos aos aldeões que o utilizavam como amuleto. Ou então, que tal se pudesse perguntar a São Francisco de Assis, que amava indistintamente todos os animais, qual seria sua opinião sobre o animal. O bode é sustento para muitas famílias, é símbolo de resistência, de adaptação ao meio ambiente. O mal que procura se atribuir a ele não lhe pertence e sim aos homens que o utilizam para simbologias diabólicas, malignas ou negativas.
Esse trabalho visa mostrar as diversas possíveis origens da crendice. Mas busca não perder de vista que, despido da ignorância profana, o animal é uma criatura divina, por ser fruto da obra de Deus, não cabendo a ninguém atribuir maldade a ele. Senão, vejamos o seguinte trecho extraído da Bíblia, em Salmos, capítulo 50, versículos de 9 a 11:
Da tua casa não aceitarei novilho, nem bodes dos teus currais.
Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de outeiros.
Conheço todas as aves dos montes, e tudo o que se move no campo é meu.
Se eu tivesse fome, não te diria, pois meu é o mundo e a sua plenitude.
Enfim, a nós maçons, cabe meditar sobre se devemos nos omitir ou combater tal associação, ou mesmo se devemos desmitificar o bode, mostrando o que ele realmente é, sem a fantasia que se avoluma nas mentes mais fantasiosas.
Filosoficamente: bode, nesta vida, todos somos. Devemos ter cuidado em não andar com “passos incertos” e cair em precipícios morais.
FIM
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