terça-feira, 27 de março de 2012

“O BODE NA MAÇONARIA” 8


Albert Pike

- Parte VIII -
Leo Taxil
Uma das supostas origens da crendice, ou mesmo fomentador da associação do bode à Maçonaria, resulta de uma história do século XIX. Vejamos dois dos personagens envolvidos nessa passagem:
- Albert Pike, americano, figura proeminente da maçonaria;
- Leo Taxil nasceu Gabriel Antoine Jogand-Pages, era um “livre-pensador” que ganhava a vida com literatura pornográfica. “Livre-pensador” era um termo usado para definir o indivíduo que ia de encontro com as instituições e dogmas sociais, especialmente se viesse de uma autoridade religiosa. Taxil foi conhecido também pela sua literatura anti-maçônica e anti-católica. Tempos antes, foi iniciado na maçonaria, mas foi expulso da ordem, por motivo não definido. Começou então a redigir seus textos anti-maçônicos.
Através desses textos disseminou a falsa idéia de que a Maçonaria seria uma entidade associada ao satanismo. Usou o nome de Pike, redigiu livros e documentos e os tornaram públicos. Em muitos desses documentos aparece a figura de Baphomet, já citado. Esse pode ter sido um dos fomentadores da história do bode. Mesmo após desmentir sua farsa continuou a ser usado como arma pelos argumentadores anti-maçonaria.
O pentagrama: essa figura geométrica tem um rico significado dentro da maçonaria, que não nos cabe analisar nesse momento. Entretanto, posterior ao uso maçônico, e diferentemente, a magia também utilizou esse símbolo, buscando associá-lo à influências maléficas, voltando o símbolo para baixo, imaginando formar a figura de um bode inscrito em seu interior, o Bode de Mendes.
O Bode confidente: uma das lendas diz respeito ao fato dos Judeus na antiguidade confidenciarem seus segredos, suas faltas, aos bodes.
Assim se sentiam aliviados em dividir seus segredos e com um confidente discreto, que não falaria seus segredos a ninguém.
Essa versão pode ter sido amplificada durante o período da Inquisição, onde torturadores não arrancando segredos de maçons aprisionados, na França, foram comparados a bodes, pois não se arrancava uma só palavra, um só delator da Ordem.
Outras versões: (**) bode amarrado à porta da casa dos maçons onde se realizariam reuniões; (**) balandraus com mau cheiro; (**) bode como sendo um animal que vive nas alturas perto de Deus; (**)
Maçons que comem como Bodes nas diversas festividades.
Tudo na Maçonaria, quando não é palpite ou lenda popularesca, deve ter uma explicação racional e histórica.
É comum profanos fazerem referência à figura do bode na maçonaria (com sentido demoníaco), aludindo a uma sociedade onde se vende a alma ao diabo. Para nós maçons é até prazeroso e engraçado quando escutamos tantas especulações mirabolantes sobre a maçonaria.
Fica-nos ainda aquele poético ar de mistério que antes a Ordem tinha. Hoje, outdoors anunciam conferências maçônicas.
Entretanto, por trás das inúmeras lendas que borbulham em torno da Maçonaria, a do “Bode”, como tantas outras têm sua origem nos cultos pagãos das civilizações clássicas.
A figura do bode remonta às antigas civilizações mesopotâmicas (símbolo de fertilidade e de vida, os arqueólogos encontraram várias estatuetas em sepulturas), depois por práticas judaicas (século XIII a.C) e Grécia Arcaica, especificamente por volta do século VI a.C, quando verificou-se uma proliferação das chamadas religiões de mistérios, de caráter iniciático.
Dentre elas, uma teve enorme difusão: o culto de Dionísio, que passou a ser o núcleo da religiosidade órfica. Dionísio está ligado a ritos agrários, daí Messe e Messias no Cristianismo. O Senhor da Vinha.
Neste sentido é que, como práticas catárticas, incluía-se ritos de purificação pessoal e da comunidade (polis).
Um destes ritos era o sacrifício, fora dos muros da cidade, de um bode. Para purificar a comunidade. Os oficiantes do rito se vestiam com pele de bode. Por isso que na tragédia grega o termo “vestir a pele” significava “encarnar” a personagem a ser representada. Pessoa, em grego, significa máscara.
Daí a expressão “bode expiatório”, que o catolicismo simboliza no Cristo crucificado (que tira os pecados do mundo); os teólogos devem ter se inspirado em Levítico 16-16 e 16-20 ).
Este (a expiação dos erros) é apenas um dos significados.
Mas já na Antiguidade, o matemático Pitágoras de Samos, fundou na cidade de Crotona uma confraria científico-religiosa, substituindo na religiosidade órfica à figura de Dionísio pela da matemática, especificamente a Geometria.
Continua.

quinta-feira, 22 de março de 2012

“O BODE NA MAÇONARIA” 7

- Parte VII -
Contam:
“- As pessoas de Breves evitam passar nas noites de quinta e sexta-feira na rua da Maçonaria. É que nesses dias, ou melhor, nessas noites aparece ali um grande Bode Preto que persegue as pessoas. A primeira vez que ele apareceu foi para um colega meu, o Aguinaldo, que vinha da escola – o horário de saída da escola aqui é onze e meia (da noite, no caso) – e o Aguinaldo neste dia abusou. Foi passar justamente à meia-noite em frente à Maçonaria. Aí ele avistou o Bode Preto! O Bode Preto correu atrás dele, e ele teve que passar bastante sebo nas canelas pra se livrar da fúria do Bode Preto, que não é um bode normal. É um bode bem grande. Mas taí, bem feito pra ele! Ele já sabia, as pessoas tinham falado pra ele, mas mesmo assim ele se meteu a passar lá defronte da Maçonaria.”
- Em que época foi isso? Perguntamos.
“- Ah! Foi mais ou menos nos fins dos anos oitenta, em 1988, se não me engano. Aí, o fato, que já era conhecido, se espalhou mais ainda, e as pessoas ficaram com medo de passar lá defronte. Mas não é só o Bode Preto que aparece lá…!”
- Tem mais coisa ainda, além do Bode? Perguntamos bastante curioso. Não fez esperar pela resposta:
“- Ih! Tem muitas outras coisas… Tem gente que diz que já viu muito fogo,mas fogo mesmo, defronte da Maçonaria. E tem outras pessoas que se queixam que já levaram tapa lá e não sabem de quem. Isto sempre às quintas e às sextas-feiras. E tudo acontece sempre defronte da Maçonaria…É o Bode Preto, é fogo, é tapa na cara sem saber de que apanha!” E assim concluiu sua narrativa, e você ficou conhecendo a lenda do Bode Preto e mais alguma coisa, ainda, como o fogo e os tapas…!
Depois de ter pincelado ocorrências do Bode pelo mundo e notar que sua imagem é associada ora a coisas positivas e ora negativas, iremos buscar sua associação com a maçonaria.
SUPOSTAS ORIGENS DA CRENDICE
Diversas origens são apontadas, muitas tendo como origem pessoas ou entidades contrárias à maçonaria, outras surgidas do povo ou mesmo de Irmãos que as alimentaram junto aos profanos. Pesquisei nesse trabalho aquelas que julgamos as mais verossímeis e palpáveis do ponto de vista histórico, não deixando de citar qualquer outra possibilidade, por mais distante que esteja da realidade.
BAPHOMET
Também conhecido por Baphomet de Mendes ou Bode Hermafrodita de Mendes.
Baphomet é um dos muitos nomes associados ao demônio, assim como Thoth, Hermes, Tífon e Pã. Diversas são as interpretações sobre o que representa esse símbolo. Algumas até esvaziando seu significado demoníaco.
A seguir duas das interpretações:
Interpretação 1: “Observando Baphomet, você verá que a ênfase está no sexo, pois esse ser é andrógino – macho e fêmea ao mesmo tempo – observe que ele tem seios de mulher e um falo ereto. Na verdade, duas serpentes estão entrelaçadas em volta do falo ereto, que é estranhamente grande. Esse ser tem a cabeça do “Bode Chifrudo”, outro título para Satanás”.
Interpretação 2: uma segunda versão busca identificá-lo como um símbolo da iniciação, descrevendo características como inteligência (facho), mãos humanas representando a santidade do trabalho; peito de mulher simbolizando a maternidade e o trabalho fecundo; na sua testa o pentagrama com a ponta para cima representando o Microcosmos; os chifres tem significado mitológico e representam “força e poder” (vikings, gauleses, AMOM – senhor dos cornos no Egito) e alguns outros significados que omitiremos. Esses conjuntos híbridos de animais fantásticos davam a entender que o signo não era um ídolo nem imagem de coisa alguma vivente, senão a representação de um pensamento. O Bafometo não é um deus, é o signo da Iniciação.
Mas, então qual a suposta ligação dessa figura com a Maçonaria ? A resposta óbvia é nenhuma. Mas em séculos anteriores tentaram associar os Cavaleiros Templários a uma adoração a um ser nefasto, e como existem laços entre os Cavaleiros e a Maçonaria, entrelaçados na antiguidade, tentam hoje associar a figura nefasta à nossa Ordem.
O citado teria sido a corruptela de “Mahomet”, aparecendo seguidamente, com o nome de “Bahumet”, possivelmente ligado ao fato dos Templários terem atuado no Oriente Médio. Entretanto, muitas outras origens associadas a esse nome foram propostas, nenhuma sendo conclusiva.
A notícia não passa de uma fantasia que foi criada para imputar aos Templários a prática da idolatria. Até porque os Templários usaram a ciência e a cultura Islâmica, e nessa cultura não se permite cultuar ídolos.
Assim como ocorreu com os Templários, também a Maçonaria foi alvo das inverdades, que buscavam associá-lo a ordem. Isso cresceu com algumas publicações fantasiosas que veremos à seguir.
Continua.

terça-feira, 20 de março de 2012

“O BODE NA MAÇONARIA” 6

- Parte VI -
Deixemos o bode de lado ou usemo-lo somente para um bom espeto.
Qual o verdadeiro significado do bode preto na Maçonaria? Sabemos nós maçons que se trata da mais pura crendice, não possuindo o referido animal qualquer relação com a Ordem. Portanto, não possui nenhum significado dentro da rica simbologia que nos cerca, nem tampouco é utilizado em nossos rituais em momento algum, sendo, pois a mais pura invencionice profana, alimentada por nossa omissão e algumas vezes pelo senso de humor de alguns maçons.
Entretanto, algumas vezes indagados do porquê dessa associação bode preto – Maçonaria, nós não dispomos de uma resposta conclusiva. E quanto mais nos mergulhamos em estudar possíveis origens mais versões aparecem, algumas visivelmente inverossímeis, outras mais prováveis. Portanto, não se descarta que o mito do bode possa ter surgido com uma dessas versões e tenha ganhado força com outras versões. Das pesquisas realizadas se formou o presente estudo, que não tem a pretensão de ser conclusiva mais busca dar um pouco mais de luz sobre o assunto.
O BODE PELO MUNDO
A figura do bode aparece em diversas partes do mundo, nem sempre com uma imagem negativa. Nessa parte de nossa pesquisa buscamos mostrar como o bode é visto em diversas culturas e o seus significados e utilizações.
Como amuleto: Em determinadas aldeias, há um bode como símbolo de proteção, uma vez que a ele se atribui a capacidade de captar as cargas negativas;
Pã, o mito: A figura de Pã, metade homem, metade bode, também contribui para as crendices sem fundamento. Aliás, a palavra pânico é derivada de Pã, pois conta o mito que ele era tão feio e assustador, que sua própria mãe teria fugido logo após o seu nascimento. Assim, Pã vivia nas florestas, assustando as pessoas;
Objeto de sacrifício, o bode-expiatório: o sacrifício era considerado uma das formas de abrandar a ira dos deuses, que serviram para expiar (redimir) a culpa dos pecadores. Diversos povos em épocas diversas realizaram esses sacrifícios;
No sacrifício da umbanda, em oferenda, despacho para Exu;
No esoterismo, possui diversas interpretações – fecundidade, materialidade, captação de cargas negativas, animal próprio para o sacrifício e, vulgarmente, conhecido como a semelhança de satã. Na realidade, o bode é encarado no esoterismo de diversas maneiras: fonte do materialismo, a matéria sobre o espírito, a brutalidade, se analisarmos pelo lado negativo. No entanto, há corrente doutrinária que entende o bode como o elemento da natureza que está nos campos, de cabeça ereta e, por andar próximo das montanhas, seria o ser (que não voa) que estaria mais perto de Deus;
Na Bíblia, o bode é citado 91 vezes, a maioria delas em relação a sacrifícios a Deus. Daí a possível origem do termo bode-expiatório, ou seja, aquele que paga pela dívida de outros;
No Esporte do Bode: no Afeganistão, o Buzcachi (pega-bode) é esporte nacional, e corre-se atrás de uma carcaça de bode;
O bode no Brasil (em sua cultura e folcore):
1. Temos o Maçone – Figura folclórica de Sergipe. É um mítico alto, todo vestido de ferro zincado, focinho comprido, olhos de fogo, pernas tortas e rabo. Vira bode preto, a altas horas da noite, para matar gente. Anda a procura de recém-nascidos para devorar.
2. Em Provérbios:
Cachorro que morde bode
Mulher que erra uma vez
Homem que bebe cachaça
Não há remédio pros.
3. Em Gírias e expressões regionais (eis alguns significados):
• Bode: (1) Mestiço, cabra. (2) Homem sensual, galanteador, dado às conquistas amorosas. (3) Valete do baralho. (4) Nova-seita, protestante. (5) Alteração, bagunça, encrenca, sangangu.(6) Menstruação. (7) Almoço de trabalhador rural, servido no campo;
• Bode expiatório: (1) Vítima de tudo que acontece de ruim. (2) Na família e nos locais de trabalho, a pessoa a quem se atribui a responsabilidade dos insucessos.
• Bode amarrado: Zanga, aborrecimento, incomunicabilidade.
• Quem menos pode é quem paga o bode: Das dificuldades sobre o mais fraco.
• Deus te dê o que deu ao bode: catinga, barba e bigode: Expressão de valentões e mulherengos.
• Bodum: Odor de corpo sujo, transpiração.
• Bode preto: Maçom, diabo;

4. Na música: o nome que designa uma série de agremiações musicais no interior do Ceará é Cabaçal: alguns dizem que vem do fato de que, antigamente, os tambores (zabumbas e caixas ou taróis) eram confeccionados com peles de bode ou carneiro, estiradas sobre enormes cascas de cabaças secas e cortadas.
5. Em literatura de Cordel (Não citarei)
6. Estórias do Bode Preto / Folclore & Cultura Popular sobre o bode.
Continua.

quinta-feira, 15 de março de 2012

“O BODE NA MAÇONARIA” 5

- Parte V –
Amiúdo ouvimos falar a palavra bode, tanto no meio maçônico como fora dele e, neste último caso, inclusive em relação a pseudo característica maçônica atribuída à prática suposta de adoração ou cultuação maçônica ao hirco, cabrão ou bode, que são as mais comuns denominações do hircino (que diz respeito ao bode ou que dele emana – cheiro hircino, desagradável odor hircino) animal.
São múltiplas as expressões comuns que nos chegam aos ouvidos, dentre as quais destacamos Cuidado com o bode! Vai domar o bode? Não vá cair do bode! Amarra direito o bode! Cuidado pro bode não te chifrar! Estas são as mais freqüentemente atribuídas ao relacionamento do maçom com a jocosidade da expressão. São expressões brasileiras que como maçônicas não têm razão de ser.
Existem outras, de caráter genérico, como: ”tá que parece um bode”, “Cara de Bode”, atribuindo-se à sisudez de alguém. Outras ainda relativas à expressão “Dar o Bode”, que significa dar confusão, encrenca, desavença, problema, pandemônio, tumulto, rebuliço, alvoroço, etc.
Aquelas expressões jocosas dão, aos leigos e néscios, uma ilusão de que o bode constitui objeto de prática ou instrumento maçônico de culto ao demônio, diabo, arrenegado, belzebu, canhoto, cão, cão-miúdo, cão-tinhoso, coisa, coisa-à-toa, coisa-má, coisa-ruim, condenado, cujo, demo, diacho, dragão, excomungado, feio, indivíduo, lúcifer, maldito, mal-encarado, maligno, malvado, mau, mefistófeles, pé-de-gancho, pimenta, porco, satã, satanás, serpente, tição, tinhoso, ou seja lá que nome for, entre tantos nomes com que o vulgo, no Brasil a fora, refere-se ao “anjo do mal ou das trevas”, conforme a região, em particular.
Nunca é demais conhecermos as razões que nos levaram a sermos chamados “Bodes”.
Antes, descrevamos o animal.
O bode é um quadrúpede ruminante cavicórneo (que têm cornos ou chifres ocos), macho da cabra, notável pelos compridos pelos sob o queixo, como barba ou cavanhaque e pelo seu cheiro nauseabundo.
O bode expiatório, ou mais raramente “emissário”, era um bode que os antigos Hebreus espantavam para o deserto, na festa da expiação, depois de o haverem carregado de todas as iniqüidades (crime, pecado) e maldições que se as queriam afastar do povo. Graças a isso, o bode é um antigo símbolo da animalidade o que no homem corresponde aos impulsos que mais se assemelham ao animal.
Seria, por analogia, que é uma energia de fundo sexual, chamada libido, e que quando, no constante conflito com o superego e o mesmo exorbita, “dá o bode”.
Em virtude de ser símbolo dos atributos animais é que na Estrela de Cinco Pontas invertida, inscreve-se a figura de um bode, enquanto que na Estrela em posição normal, inscreve-se a figura de um homem (é a Estrela Hominal dos pitagóricos). Esta representa os atributos da alta espiritualidade humana, enquanto que aquela simboliza os instintos animais do homem, interpretação que é adotada na simbologia maçônica.
Já o Bode-preto é uma expressão popular brasileira, usada para designar o diabo.
Houve época em que os setores retrógrados do clero brasileiro, explorando a ignorância e a credulidade de grande parte da população, transmitiam aos seus fiéis, aos seus seguidores, a falsa, a irreal, maldosa, tendenciosa e malévola crença de que a Maçonaria adorava o “bode-preto”, personificação demoníaca.
Com isso, em muitas localidades brasileiras atrasadas, pouco desenvolvidas, as pessoas, alteradas na sua normalidade religiosa, evitavam passar diante de um Templo Maçônico e se fossem contingenciadas a fazê-lo, além de atravessarem a rua antes e voltarem ao trajeto inicial depois, persignava-se (benziam-se fazendo três sinais da cruz – um na testa, outro na boca e um último no peito, na altura do coração) e agarravam-se aos seus terços e medalhinhas.
Nesses locais, os Maçons eram vistos como bruxos adoradores do bode-preto e cuidadosamente evitados e marginalizados pelas “ovelhas” do rebanho cristão, preocupadas em ir para o Céu e não provocar a ira do bom pároco (sacerdote encarregado da direção espiritual e da administração de uma paróquia; vigário, prior, cura) local.
Ironizando tal situação de ignorância, atraso, incultura, obscurantismo, ingenuidade, inocência, apedeutismo e sectarismo, os Maçons passaram, jocosamente (graça, brincadeira, comicidade, hilaridade, humor, gozação, piada, zombaria) a assumir a alcunha, apelido ou cognome de “bode” ou “bode-preto”, para si e para os seus trabalhos de Loja, prática que acabaria tornando-se enraizada no território nacional.
Trata-se, portanto, de uma autodenominação, titulação irônica e regional, a qual é desconhecida entre Maçons de outros países.
É coisa de brasileiro, com resultados aparentemente inofensivos, mas que analisados sob vários aspectos, num país eminentemente Cristão, onde partes do Clero e de religiosos maldizem e difamam a nossa Ordem, é de se dispensar cuidado especial para não incorremos em situações negativas irreversíveis, pois do meu ponto de vista, somos uma organização fraterna e alegre, mas antes de tudo somos uma entidade séria que não se deveria deixar levar por situações desta natureza.
 Continua.

terça-feira, 13 de março de 2012

“O BODE NA MAÇONARIA” 4

- Parte IV -
O prefeito pediu um minuto para o sargento e se afastou com os outros maçons uns metros e confabularam entre si, em seguida o prefeito voltou acompanhado dos outros e disse.
- Sinto muito sargento não vai dar para o senhor interferir neste caso.
- Porque, por acaso vou ter que agüentar o bode berrando a noite toda?
- Isso mesmo, amanhã logo cedo damos um jeito no bode.
- Isso nunca e como fica a minha autoridade, vou lá e pego esse bode ainda hoje, e levo pro destacamento.
- Se o senhor insistir nessa sandice, eu e os meus irmãos de maçonaria não nos responsabilizam por sua vida.
O sargento espertigou-se na sua autoridade perguntando.
- O que tem de especial esse bode, que pode atentar contra minha vida se eu for lá pega-lo?
- Isso não podemos falar é segredo maçônico. Disse o prefeito e dando uma piscadela para o menino.
- Mas. Retrucou o sargento.
- Nem mais nem menos sargento, a não ser que o senhor não dê valor a sua vida, neste caso aqui está à chave, e se o senhor for que Deus tenha piedade de sua alma. E estendeu a mão com a chave para o sargento.
O sargento pensou, pensou, olhou para seu filho e depois para o prefeito dizendo.
- Bem se é assim, não vejo razão para me arriscar, porque eu não sei, ou melhor, ninguém sabe o que vocês fazem lá dentro, mas amanhã vou comunicar o fato ao meu comandante de companhia.
- Puxa, se o senhor tivesse chegado dez minutos mais cedo, falaria pessoalmente com ele, pois ele participou da iniciação, mas acabou de sair do clube.
O sargento despediu-se do prefeito e comentou com o filho enquanto se dirigia para casa.
– Eu heim, sabe-se lá que tipo de bode é esse, pode ser até o demo, mas que amanhã eles tiram esse bode de lá; lá isso tiram.
Depois desse episódio o sargento passou a conviver com o fato de que jamais saberia o segredo dos maçons, e muitas segundas feiras se passaram através dos anos, ele sentado em seu alpendre observando o entre e sai dos maçons no templo.
O filho cresceu se tornou homem, lançou-se em direção a outras paragens, firmou-se profissionalmente, foi sondado e convidado a ingressar na maçonaria, aceitou e tornou-se um irmão.
Lembrou-se do pai velhinho, não mais um sargento e sim subtenente por força das promoções, qual seria a sua reação de ver o filho como um maçom. E a reação foi aquela que o filho esperava.
- Pai o senhor é um homem honrado, e sinto-me tranqüilo no que lhe vou falar agora, o que tanto o senhor questiona, vou lhe revelar o segredo da maçonaria e o que eu e os meus irmãos fazemos dentro de uma loja maçônica como aquela. Disse o filho apontando para o templo maçônico no outro lado da rua.
- Pai o que nós fazemos lá e o grande segredo, não…


 Continua

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher...

No Brasil, o papel da mulher na Maçonaria e, em particular, nas lojas do Rito Brasileiro, foi e é tratado como de grande relevância porque entendemos que a mulher é o pólo basilar da família.
O Blog das Lojas do Rito Brasileiro no DF gostaria nesta data homenagear todas as Cunhadas e Sobrinhas, com o singelo poema do escritor chileno Pablo Neruda, intitulado MULHER.
Mulher
Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda*
*Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de Setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX,  cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México.

“O BODE NA MAÇONARIA” 3

 - Parte III -
Voltemos a 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumário, se apresentava como novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas as instituições que não governo ou a Igreja.
Assim a Maçonaria, que era um fator pensante, teve seus direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país.
Neste período, vários Maçons foram presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições.
Porém, ela nunca encontrou um covarde ou delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior:
- “Senhor este pessoal (Maçons) parece “BODE”, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes nenhuma palavra”.
Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta denominação: “BODE” – aquele que não fala o que sabe guardar segredo.
Conta um historia; que um sargento após o jantar sentado no alpendre de sua casa observava a loja maçônica do outro lado da rua e o movimento dos maçons em uma noite de segunda feira data de reunião semanal dos mesmos e resmunga para si mesmo.
- “Os bodes já estão chegando, coisa ridícula esses ternos pretos que eles usam, eles não devem fazer coisa boa lá dentro, nem janelas esse prédio tem, isso é coisa do diabo…”
Era sempre assim, até que em uma segunda feira especial para os maçons, o movimento estava fora do normal, com um grande numero de visitantes de fora, e no meio deles o sargento reconheceu o seu comandante de companhia da Força Pública, pois, o sargento comandava a força policial da cidade, um cabo e quatro soldados. Quando terminou o movimento e todos os maçons adentraram ao templo, o sargento permaneceu um pouco mais, mas todo movimento da rua cessara, com mais alguns resmungos contra os maçons, onde já se viu o seu comandante também era da maçonaria, com certeza já vendera a alma pro diabo, por isso, chegou o Comandante da Companhia.
Entrou na casa perguntando para a esposa.
- Cadê o garoto?
- Brincando com as crianças ai na pracinha.
- Eu já vou deitar daqui a pouco você vá chamá-lo, já está tarde para criança ficar na rua, ainda mais com os bodes em reunião ai na frente.
- Deixa de ser ranzinza homem, os maçons não são bodes, todos os que nós conhecemos são gente boas, até o prefeito é maçom.
Por volta de uma hora da manhã, o sargento sua esposa e o filho de oito anos acordaram com os berros de um bode, os berros vinham da loja maçônica, a família saiu até a rua, o mesmo fazendo os vizinhos do lado, e todos admirados com os berros de bode que vinham de dentro da maçonaria, o prédio estava às escuras, fato que indicava que a reunião dos maçons já havia terminado.
O sargento aproveitou para descer o pau nos maçons, e deixou claro que iria tomar providências, entrou colocou a farda e se dirigiu ao CLUBE 1932 SÃO PAULO AINDA DE PÉ; pois era lá que os maçons se dirigiam após os trabalhos da loja, em jantar de confraternização.
Enquanto se dirigia para o clube social, percebeu seu filho seguindo-o, sorriu era bom que o filho o visse em ação.
Na portaria do clube pediu para que chamassem o prefeito, pois tinha novidades.
- O que aconteceu sargento, algum fato grave? Perguntou o prefeito.
- Isso é o senhor que vai dizer Senhor prefeito.
- Eu, por quê?
- É que lá na sua loja.
- Que loja sargento, eu lá tenho loja, até onde sei eu sou um latifundiário bem sucedido na produção de grãos.
- Eu estou falando da loja maçônica, tem um bode berrando lá dentro e não deixa ninguém dormir no quarteirão inteiro.
- Ah, o bode está berrando muito?
- Ta e eu tenho, que tomar uma providencia, o senhor me dê à chave da loja, e com sua permissão é claro, vou entrar pegar o bode e levá-lo para o destacamento, amanhã o senhor vê o que faz com ele.
Nesta altura já eram diversos os maçons junto ao prefeito atraídos pela conversa, e os sorrisos disfarçados entre eles não foi percebidos pelo sargento, mas o filho percebeu e se mantinha firme ao lado do pai, todo orgulhoso.
Continua